A modernização do litoral norte do Espírito Santo: do processo de
“civilização dos índios” ao reconhecimento das populações tradicionais; da mobilização à crise do
trabalho

Nome: EVANDRO ARRUDA DE MARTINI
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 06/03/2023
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
CÁSSIO ARRUDA BOECHAT Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
ANA CAROLINA GONÇALVES LEITE Examinador Interno
CARLOS DE ALMEIDA TOLEDO Examinador Externo
CARLOS TEIXEIRA DE CAMPOS JÚNIOR Suplente Interno
CÁSSIO ARRUDA BOECHAT Orientador
LUIZ ANTÔNIO ANDRADE EVANGELISTA Examinador Externo

Resumo: Ao contrário dos estudos sobre uma região, território ou população considerada
relativamente isolada, esta pesquisa busca evidenciar as mediações entre um processo geral de modernização do mundo e as particularidades da modernização do Brasil e do litoral norte do Espírito Santo inseridas na reprodução ampliada das relações capitalistas. Conceitos e categorias como “sertão”, “terra virgem”, “fronteira”, “pioneiro”, “trabalho” e “mercadoria” são investigados em conjunto com o período em que são utilizados: os conceitos mudam conforme os processos se desdobram. As mediações das populações tradicionais do litoral norte do Espírito Santo com a sociedade externa a elas são estudadas desde o século XIX: observa-se um processo que teve como objetivo lógico sua integração à “massa da população civilizada” enquanto
força de trabalho, ao mesmo tempo que ocorria a expropriação de seus territórios, conforme a terra se autonomizava como mercadoria. Essa integração não ocorreu exatamente como previsto, mas os projetos moveram processos na realidade. No século XX, são muitos os projetos e ações modernizadoras voltados para esse litoral norte capixaba que, por muito tempo, foi considerada uma região “decadente” com relações
sociais “obsoletas”. O planejamento se consolida por meio de universidades e outras instituições desenvolvimentistas. Buscamos explicitar e criticar os fundamentos da geografia e das outras ciências que planejaram essa modernização em termos racionais no século XX. Nas décadas de 1970 e 1980, alguns territórios do litoral norte passam por uma modernização mais acelerada com o complexo exportador de eucalipto e outros empreendimentos de “desenvolvimento regional”. Ao mesmo tempo, em certos contextos as ameaças externas intensificam as lutas de populações tradicionais. Mais
recentemente, a mudança de paradigma dos processos de colonização de “terras virgens” e de “civilização dos índios” para o reconhecimento dos direitos de indígenas, quilombolas e outras populações tradicionais resume as mudanças entre o longo processo de modernização conduzida por um Estado planejador – este também em processo de formação – e um período mais recente caracterizado por um Estado gestor de crises. Neste momento mais recente, analisamos os conflitos e controvérsias em torno de grandes empreendimentos portuários projetados e/ou implementados no litoral norte,
tendo em vista a suposta vocação portuária e exportadora do Espírito Santo. Os grandes portos se justificam socialmente gerando expectativas de geração de empregos, mas na realidade esses portos mobilizam cada vez menos as populações locais como trabalhadores.

Acesso ao documento

Acesso à informação
Transparência Pública

© 2013 Universidade Federal do Espírito Santo. Todos os direitos reservados.
Av. Fernando Ferrari, 514 - Goiabeiras, Vitória - ES | CEP 29075-910